Amy
Winehouse reinventou o sentido da palavra retro,
ao assumir que se podia recuar na
história, combinando referências contemporâneas. A menina nascida a 14 de Setembro de 1983 e falecida a 23 de Julho de
2011, criou uma fórmula explosiva ao vestir a sua voz com linhas de Jazz, Soul,
R&B e Raggae (Dance Hall), estilos musicais que se cruzaram no tempo, em
finais de anos 50. Para completar a moldura dos anos de ouro, cantava a sua
mal-falada sina com referências claras ao universo Rockabilly das pin-ups.
Pode, toda uma década de história da
música ter cabido numa alma de 1.59 metros?
A resposta começou a ser desenhada
no primeiro projecto de Amy, Sweet and
Sour, uma banda que fundou com a sua melhor amiga aos 13 anos. A rapariga acre de corpo coberto por tatuagens,
piercings e o cabelo armado ao estilo das miúdas retratadas pelo universo de Rebel without a Cause conseguia
hipnotizar toda uma plateia, com a sua encorpada voz negra, quase ombreando com figuras maiores da Mowtown, como Ella
Fitzegerald ou as Supremes.
Amy afirmou-se rapidamente como uma
estrela maior de pleno direito, não só pelo seu extraordinário talento vocal
mas também pela forma como, combinando todos os símbolos das várias tribos que coincidiram numa década da
história dos Estados Unidos da América, reinventou a forma de se estar em voga.
A viagem transatlântica entre a América beatnick
e a letrada mulher da Bourgonne nunca fora realizada de forma tão rápida
até serem ouvidos os primeiros acordes de Back
to Black.
Daí em frente, a ascensão meteórica
de Amy Winehouse encontrou um voraz apetite da comunicação social e do público
em geral. Incapaz de lidar com os dilemas próprios de uma personalidade borderline, a cantora rapidamente
sucumbiu ao consumo de álcool e cocaína, a exemplo dos heroinómanos Jazzmen do
seu universo de referências.
O legado de Amy, num mundo em
constante aceleração, capaz da maior crueldade para com os predestinados, será
talvez, o jeito maroto e ingénuo de
quem olha através das longas pestanas e atira, com uma inimitável voz rouca:
- You know I’m no good!
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