Hoje
falamos de Woody Allen, famoso realizador e argumentista, nascido a 1 de
Dezembro de 1935, em Nova York. Sobre si, diz-nos a rede que, antes de seguir a carreira como realizador, era conhecido
por praticar artes mágicas, tendo feito truques de cartas e ilusionismo de
forma profissional, na juventude. Dedica-se também à música. Toca clarinete na
sua banda Jazz de nome One Direction.
Um dos mais conhecidos filmes que
realizou foi A Rosa do Cairo, no qual
dirigiu aquela que viria a ser a sua primeira esposa, Mia Farrow. O casamento
acabou quando conheceu a filha adoptiva desta. As segundas núpcias duram até ao
presente.
Diz-se que a sua personalidade
neurótica é, talvez, a sua imagem de marca. No entanto, ao pesquisar frases
ditas sobre si, descobri uma autocrítica que me pareceu deliciosa e que servirá
de introdução para a rubrica que aqui desenvolvo:
- “... As pessoas enganam-se
constantemente em duas coisas sobre mim. Pensam que sou intelectual (porque uso
óculos) e que sou um artista (porque a maior parte dos meus filmes acaba por
ser um desastre financeiro).”
Não sendo eu um especialista na área
da moda, (se me conhecessem pessoalmente veriam até que sou um antípoda do que
o ser trendy significa), aceitar ser tradicionalmente diferente e escrever
neste espaço para falar dos objectos que se tornam a imagem de marca das personalidades que os ostentam.
De facto, se observarem as
fotografias de Allen ao longo das décadas (sendo audaz afirmar que os óculos
são sempre os mesmos), as armações que usa sempre tiveram o mesmo design.
Poderia até dizer que, nos dias de hoje, mais do que estar na moda, o realizador deveria ver várias colecções carimbadas com o
seu nome...
Os óculos de Allen são uma extensão
da sua personalidade invasiva e extrovertida. São indissociáveis da imagem que
tem junto do público. Ainda que se esconda na intimidade do clarinete ou
gesticule as probabilidades exasperantes com que nos põe em diálogo com as
nossas próprias vicissitudes nos enredos dos seus filmes, não conseguimos
imaginar a sua figura esguia e engraçada sem aquelas armações e lentes grossas.
A forma como age em público indica um relacionamento próximo dos seus gestos
com o objecto. É possível perceber o que está por trás do seu discurso na forma
como interage com os óculos.
Outra perspectiva interessante desta
rubrica terá também a ver com a perspectiva sociológica de determinado objecto.
O facto de, as pessoas em geral, associarem os óculos à actividade intelectual
acaba por ser importado para o mundo
da moda por forma a que os indivíduos possam vender essa imagem jundo dos outros.
Ninguém melhor do que um neurótico
autocentrado como Woody Allen para, nos pôr em perspectiva, na sua tão peculiar
sagacidade, ao reflectir sobre óculos e pessoas.
Sem comentários:
Enviar um comentário