Em 1960, George Belmont, editor da revista francesa Marie Claire, perguntou a Marilyn Monroe o que ela usava quando se deitava:
“-O
que usa na cama? Uma parte de cima de pijama? Uma camisa de dormir?”
O
que a actriz respondeu, ainda hoje figura no imaginário colectivo:
“-
Chanel Nº 5!”
Durante
o ano passado, uma das casas de perfumes mais conhecidas do mundo, fundada nos
anos 20 do século passado por Coco Chanel, lançou mesmo uma campanha em que
procurava provar aos consumidores, através de uma reprodução da entrevista
acima referida, a veracidade das palavras da mulher que “emprestou”, as formas
do seu corpo às garrafas de Coca-cola, durante décadas.
Esta tinha,
como móbil, demonstrar que a pele com que um perfume nos veste é um poderoso
afrodisíaco junto do imaginário colectivo. Para isso baseou-se no facto de que
a actriz não queria insinuar que dormia despida, antes que não conseguia
adormecer sem a familiaridade daquele odor.
Norma Jean
Mortenson nasceu em Los Angeles a 1 de Junho de 1926. Teve uma infância
conturbada, sendo criada em várias instituições de acolhimento e lares
adoptivos. Profissionalmente começou a sua carreira como modelo, facto que a
levou a assinar um contrato como figurante da 20th Century Fox em 1946.
Ao ser a
primeira mulher a posar nua para a Playboy, rapidamente conseguiu o seu
primeiro papel principal, em 1952, no filme Don’t
Bother to Knock. A mistura da imagem estonteante com a leveza e
descontracção do seu carácter, projectaram-na para o estrelato. Fundou a sua
própria companhia cinematográfica. Foi nomeada para os BAFTA e recebeu um Globo
de Ouro.
Marilyn Monroe
tornou-se um ícone sexual. Nos dias de hoje figura na lista das 10 mulheres
mais bonitas de todos os tempos e, à data, as formas do seu corpo eram as
referências da beleza de toda uma geração.
Ao longo da
sua vida casou três vezes. Ainda adolescente, foi desposada pelo seu vizinho James
Dougherty. Divorciou-se antes de alcançar o estrelato. Após a meteórica
ascensão esteve casada com o famoso jogador de basebol Joe DiMaggio.
Divorciou-se por alegadas repressões psicológicas e ciúmes doentios por parte
do jogador. Nos meses em que esteve casada com este, a perseguição por parte da
imprensa cor-de-rosa e a depressão
que desenvolveu, tornaram-na dependente de barbitúricos, os medicamentos a que
se atribui a sua morte.
Por fim, teve
uma relação mais recatada com o escritor Arthur Miller. Os próximos afirmam
que, apesar das diferenças dos mundos em que os dois viviam, o intelectual e o
mediático, a grande paixão da vida da actriz foi o dramaturgo. Por ele
converteu-se ao Judaísmo, colocando em risco a própria carreira, uma vez que
este estava constantemente presente nas listas das agências de investigação
pelas suas ligações ao ideal comunista. A descoberta de um diário pessoal onde
Miller denunciava casos extraconjugais e a interrupção da gravidez de Marilyn
levaram a que também este casamento terminasse em divórcio, ao fim de cinco
anos.
Nesta altura
da sua vida enfrentou novamente um ciclo depressivo e tornou-se cada vez mais
dependente de medicamentos. A sua posição de namorada da América pressionava-a a envolver-se com grupos de crime
organizado. A Máfia começou a ser a grande patrocinadora da sua carreira.
Incapaz de desenvolver afeições sinceras, desenvolveu um romance mediático com
o então Presidente John F. Kennedy e mais tarde, com o seu irmão, Robert.
No dia de
aniversário de John, em 1962, colocou todo um país à espera de que subisse a
palco para lhe cantar os “Parabéns!”. O apresentador referiu-se a ela como:
“-The late
Marilyn Monroe…”
O termo late tem o duplo sentido de atrasada ou
defunta. Na verdade, meses mais tarde, acabaria por ser descoberta morta, na
sua cama, com uma overdose de
comprimidos. Seguiu-se, no início do ano de 1963, o assassinato do Presidente,
facto que levou a alegações de que a sua morte não teria sido acidental.
A musa de
Elton John, que lhe dedicou o tema “Candle in the Wind”, era uma apaixonada
pelos perfumes. Deu uma alma e um corpo ao princípio de que a fragrância é a
mais perpétua das memórias e demonstrou que é ela que distingue as mulheres
umas das outras.
Agora que se
aproxima o “Dia de S. Valentim” os perfumes acabam por ser, talvez, a prenda
mais íntima que os namorados podem trocar entre si… (E aquela que revela uma
maior conhecimento mútuo.)
Espero que
todos os que têm junto de si aquele que amam consigam ter um dia feliz e
renovar os votos que vos unem.
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