6 de fevereiro de 2014

O MEU PARTO NO JAPÃO

Vou começar pelo inicio… Em 2010 eu e o meu marido decidimos viver no Japão, tratamos de tudo e a data da tão grande mudança iria ser no dia 21 de Março 2011, decidimos também que seria uma boa altura para engravidar, uma vez que eu não ia estar a trabalhar. Em Outubro 2010 fui ao meu médico, fiz todos os exames, deixei de tomar a pílula e comecei o ácido fólico, 6 meses depois podia começar as tentativas, assim aconteceu. No inicio de Março de 2011 começamos, na que eu achava que ia ser, uma longa caminhada até engravidar. 11 de Março 2011, malas feitas, viagem marcada para 20 dias depois, mudança de país, tentar engravidar!!! Tudo estava a correr como planeado…acordamos e... TSUNAMI no Japão, radioactividade por todo o lado, primeiro pensamento: é melhor adiar a gravidez… Os nossos voos foram imediatamente cancelados pela companhia aérea. 
Dia 21 de Março… 25… 28… nada! Teste de gravidez, positivo.

 Alegria geral…. De volta a realidade… E agora? Tínhamos nova data para a viagem, 25 de Abril, o meu Marido tinha de ir obrigatoriamente. O meu médico desaconselhou totalmente por causa da radioactividade pelo menos até às 12 semanas. O que parece tão bem planeado, nem sempre é. Decidimos que o meu marido iria  à frente e eu depois, passado 2 meses. 

Grávida de quase 4 meses, sozinha, lá fui eu para o Japão, 27 horas depois já lá estava! O meu marido já tinha tudo preparado, casa, médico… mal cheguei fui ao médico, e já um bocado aflita porque o meu ácido fólico e magnésio estavam a chegar ao fim e precisava de nova remessa (que não veio… porque o médico achou estranho eu tomar alguma coisa sem ter nenhum défice de nada, e disse para eu deixar de tomar tudo e que se tivesse tudo a correr normalmente não ia tomar nada durante ou depois da gravidez, e assim foi)! 

Médico particular numa clínica particular e tudo gratuito! As consultas eram uma rotina mensal até aos 6 meses, quinzenal até ás 36 semanas e semanal até ao final. Tudo acontecia no mesmo espaço e em pouco tempo, chega à clínica ia directamente a casa de banho recolher urina, depois ia tirar sangue, aguardava 10 minutos, o médico chamava, fazia os procedimentos de rotina, tensão… peso… depois a ecografia 3D, 4D… no final da consulta o médico já tinha o resultado das análises, simples rápido e principalmente prático! Com a aproximação do dia “D”, levaram-me a visitar toda a clínica a conhecer as enfermeiras e os procedimentos durante a estadia, pediram-me para escolher o tipo a posição de parto que queria, se em pé, deitada de lado de frente …agarrada ao marido… umas tantas, eu escolhi a normal a “nossa tradicional”. Depois escolhi a música que iria tocar durante o parto e o cheiro para a Aromaterapia durante o parto. Com isto tudo já estava maravilhada! Depois recebi a informação que ficaria 8 dias no hospital, se tudo corresse normalmente. OITO DIAS!!?!?! Não vai ser fácil….

Aqui no Japão só fazem cesariana mesmo como último recurso e não dão qualquer tipo de analgésico durante o parto, mas eu pedi muito ao meu médico para me dar epidural e ele aceitou.
Trinta e oito semanas e 2 dias, 1h30 da manhã… Pufff….  Estoirou a bolsa de água (tal como eu queria que começasse o meu parto) lá fui para a clínica com uma amiga japonesa para fazer de tradutora! Não tinha dores, não tinha dilatação alguma, não sentia nada de diferente em mim. Fiquei internada para ver o que iria acontecer, ah… quartos individuais com casa de banho privativa. Às 7h comecei a sentir as primeiras contracções, mas não disse nada porque queria que ela nascesse só depois das 9h, por causa da diferença horária, se ela nascesse antes das 9h nascia em dias diferentes em Portugal e no Japão, e lá fiquei caladinha até as 8h, depois já não dava mais! A enfermeira veio colocou-me toda a monitorização necessária e viu que eu não tinha dilatação nenhuma, mandou-me esperar, às 9h desci para a consulta com o médico, administrou-me a maldita epidural e lá fiquei eu à espera, 2h depois para espanto de todos , de nenhuma dilatação passei a dilatação total e a miúda já estava quase de cabeça de fora. Como não estavam habituados a dar epidural deram-me a mais e eu fiquei completamente “Zen” só queria dormir, e dormi a meio do parto… perdi as contracções, tudo… Tiveram que retirar a epidural esperar que passasse o efeito, e dar-me qualquer coisa para voltar a ter contracções. Ou seja tanto queria epidural para ser mais fácil e só complicou. E neste processo todo passou 7 horas até ela nascer! Mas depois correu tudo muito bem, e os oito dias na maternidade souberam a pouco, porque nunca fui tão bem tratada em lado nenhum, desde curso intensivo de como cuidar de um bebé a massagens de relaxamento...

Este Post acabou por ficar longo demais... Sorry!!

4 comentários:

  1. Eu acho que quando estiver grávida vou ficar cheia de medo no parto. Agora imagino num país diferente, língua diferente... Ainda bem que correu bem! :)

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    1. O parto é a coisa mais natural do mundo, nada a temer :) antigamente as crianças nasciam em casa, muitas vezes sem ninguém a ajudar, foi sempre nisso que me foquei para ultrapassar os medos. Num país diferente o medo tende a marcar presença, mas nós mulheres somos mais fortes do que aquilo que pensamos :) BJ

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  2. Como faço pra pedir a epidural,para o parto normal.na clinica onde vou,medico disse que pode afetar o bebe ,isso seria verdade?
    Queria muito com anestesia ,pois tenho muito medo do PN rs

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    1. Normalmente no Japão não dão epidural! Em relação a afectar o Bebé acho que não há esse risco uma vez que o resto do mundo usa epidural. Como disse no post eu pedi e o meu médico cedeu, não correu muito bem, mas porque foi mal feito, mas sem qualquer risco para mim ou para a minha filha (acho eu) . De qualquer forma no final foi mesmo sem qualquer anestesia, e correu muito bem! A dor é completamente suportável, feita para nós mulheres :) aguentarmos . O que eu sei pela minha experiência no Japão é que podes confiar a 100% no trabalho deles. Relaxa, confia que tudo vai correr bem! Bem cá contar quando tiveres o teu bebé contigo! Muita muita sorte e aproveita ao máximo o momento ( eu adorei ter a minha filha no Japão, não podia ter escolhido um lugar melhor). Beijo

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